EVOLUÇÃO DA PERFUMARIA
Pois é,
Quem não gosta de ser logo notado pelo bom perfume que usa. Muitas pessoas têm sua presença percebida, em qualquer lugar que chegam, apenas pela boa colônia que utilizam. Mas poucos sabem que compor uma fragrância é o mesmo que compor uma música ou pintar uma tela. Assim como a música e a pintura, a fragrância tem como ingredientes principais a harmonia, o sonho, a poesia, a inspiração e o mistério.
MERCADO
Hoje a quantidade de lojas e franquias de perfumes que existem espalhadas no mercado é muita. E nem com essa concorrência acirrada, o consumo de perfumes ou colônias das lojas de perfumes diminui. É que perfume ainda é um dos mais importantes itens de consumo. Para comprovar, basta prestar atenção aos locais onde perfumes são vendidos: dia dos namorados, o dia dos pais e o dia das mães são sinônimos de lojas abarrotados de pessoas, que procuram um presente ideal, ou seja, um perfume que seja a cara da pessoa que se deseja agradar.
Apesar da enorme aceitação dos perfumes no mercado, nem tudo são flores: mesmo tão bem vindo, os perfumes às vezes são inacessíveis para alguns. Em sua maioria, vendidos em frascos grandes, os perfumes têm por isso seu preço elevado. Isto sem contar os importados, que além de ser mais caros ainda deixam seus consumidores um pouco escravos deles, pois estes não acabam nunca.
O PERFUME
Os primeiros perfumes surgiram, associados a atos religiosos, quando o homem descobriu o fogo. Os deuses eram homenageados com a oferenda de fumaça proveniente da queima de madeira e de folhas secas. Essa prática foi posteriormente incorporada pelos sacerdotes dos mais diversos cultos, que utilizavam folhas, madeira e materiais de origem animal como incenso, na crença de que a fumaça com cheiro adocicado levaria suas preces para os deuses. Usavam e, crescentemente, foram substituindo os sacrifícios de animais, à medida que o mundo se tornava mais civilizado.
O nome “Perfume” deriva do latim “Per fumum” ou “pro fumum”, que significa “através da fumaça”. Isso vem demonstrar a mais antiga aplicação da mistura de fragrâncias de plantas aromáticas, que eram utilizadas como oferendas.
Durante séculos, centenas de culturas desenvolveram atos simbólicos e religiosos onde plantas raras e resinas aromáticas, queimadas nos altares dos templos, eram oferecidas como sacrifícios, em busca do favor dos deuses. Com este objetivo eram utilizados
flores, ervas, sândalo, a casca de canela, as raízes de cálamo e vetiver, bem como substâncias resinosas como mirra, incenso, benjoim e cedro do Líbano. durante as oferendas
Poucas composições aromáticas da época foram transmitidas por escrito. Entretanto, uma está registrada no livro do Êxodo, capítulo 30. A composição utilizava quatro ingredientes naturais, muito empregados nos dias de hoje, mas de forma mais refinada: Mirra, Cássia, Cortiça de árvore de canela e Óleo de Cálamo aromático.
PERFUMARIA NO EGITO ANTIGO
Os egípcios foram os primeiros seres humanos que se tem notícia a cultivar a arte do domínio dos cheiros da natureza. Reconheciam os efeitos dos seus perfumes no corpo e nos sentimentos dos homens e mulheres.
Todos os templos da Babilônia, Assíria, Egito, Roma e Grécia tinham seus perfumistas exclusivos. Os mais antigos frascos de perfumes de que se têm notícia datam de 5000 aC. Eram fabricados na Mesopotâmia e no Egito com alabastro e pedra, por serem os materiais preferidos, devido a não serem porosos. Podemos citar alguns exemplos do uso do perfume na Antigüidade:
Eles preparavam uma mistura de madeira, cujos componentes - o benjoim, o galbano - eram triturados e aglutinados com a mirra e o azeite de oliva. Esta mistura era queimada durante os rituais, esta mesma composição era usada pelos hebreus (judeu) e relatada na Bíblia, no livro de:
ÊXODO (cap. 30, v 1 e 7):
“Farás também um altar para queimares nele o incenso; de madeira de acácia o farás”. Arão queimará sobre ele o incenso aromático” (A queima de perfumes era símbolo da oração que sobe a D’us e que é por Ele recebida por partir de um coração fervoroso e devoto).
A EXPANSÃO DA PERFUMARIA NO ORIENTE MÉDIO
Os egípcios foram professores talentosos e divulgaram seus conhecimentos de perfumaria aos assírios, babilônios, caldeus, hebreus, persas e gregos. Cada cultura desenvolveu suas próprias variedades de fragrâncias, de acordo com os ingredientes disponíveis localmente.
Foi na Índia e na Arábia que surgiram os primeiros mestres perfumistas.
Os árabes não só compreendiam e apreciavam os prazeres dos perfumes, mas também tinham conhecimentos avançados de higiene e medicina. Eles produziram elixires partindo de plantas e animais com propósitos cosméticos e terapêuticos. Avicena, (980 - 1073), médico árabe, descobriu, por acaso, os princípios básicos da destilação a vapor, enquanto pesquisava poções medicinais com flores e madeiras aromáticas.
Com o advento do cristianismo, o uso dos aromas foi banido, uma vez que estava associado a rituais pagãos. Os árabes, no entanto, cuja religião não impunha as mesmas restrições, foram os responsáveis pela perpetuação de seu uso significativa foi a das Cruzadas: retornando à Europa, os cruzados trouxeram toda a arte e a habilidade da perfumaria oriental, além de informações relacionadas às fontes de gomas, óleos e substâncias odoríferas exóticas como jasmim, ilangue-ilangue, almíscar e sândalo. Já no final do século XIII, Paris tornara-se a capital mundial do perfume. Até hoje, muitos dos melhores perfumes provêm da França, Inglaterra e Alemanha. Já as águas de colônia clássicas têm menos de 200 anos, sendo originárias da cidade de Colônia, na Alemanha.
Há milhares de anos, substâncias exóticas desembarcavam nos portos egípcios vindas de lugares distantes e misteriosos: cedro do Líbano, rosas da Síria, mirra e canela da Babilônia, Etiópia, Somália, Pérsia e Índia. Conduzidas aos templos, eram maceradas e trituradas por sacerdotes que, ao som de cânticos, testavam suas fórmulas. Persistentes, levavam meses até chegar à receita ideal da fragrância que, nas cerimônias religiosas, aproximava fiéis e deuses.
As lendas que envolvem a criação dos perfumes vão muito mais além que a realidade. De acordo com a mitologia grega o perfume foi uma criação de Vênus. “Certa vez, a deusa da beleza teria ferido o dedo e deixado cair uma gota de sangue sobre uma rosa. Cupido, o deus do amor, com um beijo na flor teria selado a alquimia, transformando o sangue em fragrância”.
A descoberta das Américas revolucionou o mundo olfativo ao introduzir novas espécies botânicas. Os perfumes ganham ingredientes então exóticos, como coco e baunilha.
O primeiro perfume moderno surge em 1882, saído do laboratório do perfumista Paul Parquet e batizado como Fougère Royale. De lá para cá, foram tantas as criações que seria quase impossível listá-las. A base de todas é a natureza, que contribui com as matérias-primas mais diversificadas: flores, raízes, folhas e caules, musgos, madeiras e cascas de árvores, sementes, grãos, especiarias, ervas aromáticas, frutas, resinas e bálsamos. A mirra, por exemplo, resina extraída de uma árvore natural da Arábia e Etiópia e usada para produzir incensos e perfumes.
UMA ARTE VINDA DO ORIENTE
Em diferentes épocas, em diferentes culturas, os aromas sempre foram valorizados.
No Oriente, as essências sempre tiveram uma forte relação com as práticas espirituais, como a meditação. Acreditavam na influência que estes aromas exerciam além do plano físico, mas também no campo astral e espiritual do ser humano.
Desse modo, a história do perfume está ligada, inicialmente, a uma SENSUALIDADE PRIMITIVA; depois DIVINO E MÍSTICO e queimado no altar de todas as religiões; de novo PROFANO RETORNA COMO SEDUÇÃO e adorno, reservado a uma elite, antes de se tornar o que nós conhecemos hoje... Perfumes versáteis de acordo com o nosso humor e a nossa personalidade.
A PERFUMARIA NA CHINA E NA ÍNDIA
Desenvolvimento similar ao do Egito ocorreu ainda mais cedo na China. O almíscar foi empregado primeiramente na medicina e depois, por sua alta tenacidade e receptividade, em perfumes. A China foi, também, a primeira fonte de cânfora.
No mesmo período, a Índia tornou-se famosa pelo seu sândalo e por uma variedade de flores como rosa e jasmim. O sândalo era parte importante da arquitetura dos antigos templos hindus, juntamente com o vetiver. Estas madeiras eram colocadas principalmente nas portas de entrada, de onde o vento poderia levar e espalhar o perfume pelas salas. O sândalo era controlado pelo governo, ao contrário do almíscar, extraído de um animal, o veado almiscareiro, que quase foi extinto pela caça desenfreada.
A PERFUMARIA NO JAPÃO
A perfumaria não pôde ser rastreada no Japão através da prática do Budismo, porém a queima de incenso foi introduzida no século V.
Inicialmente eram utilizadas madeiras, até que substâncias mais exóticas como âmbar, foram importadas.
A PERFUMARIA NA AMÉRICA
Os Incas, os Maias e os Astecas costumavam queimar, como oferendas a seus deuses, grandes quantidades de incenso elaborado com resina e madeira. As folhas de tabaco também eram valorizadas por suas propriedades aromáticas.
A PERFUMARIA NA GRÉCIA ANTIGA
Os gregos também se tornaram hábeis na arte da perfumaria. Além de óleos e ungüentos perfumados, fizeram e usaram grandes quantidades de águas aromáticas, utilizando largamente os cosméticos.
A PERFUMARIA ROMANA
Quando a Grécia tornou-se parte do Império Romano, muitos dos conhecimentos gregos, suas habilidades e cultura foram adotados e aperfeiçoados pelos romanos. Anteriormente, o perfume era comumente usado em Roma, durante os funerais. Porém não demorou para que os romanos adaptassem seus costumes à nova cultura conquistada.
O Império Romano chegou a exceder-se na utilização de fragrâncias. Estandartes militares, obras de alvenaria, convidados, escravos, amantes, cachorros, navios e asas de pombas foram borrifados com águas aromáticas.
Tal abuso resultou numa grande transferência de moeda para terras produtoras de fragrâncias. Editais foram então publicados em Atenas e Roma proibindo a importação de perfumes estrangeiros e os perfumistas foram expulsos da cidade.
A INFLUÊNCIA CULTURAL DO ISLÃ
Com a ascensão do Islã e a morte de Maomé em 632 DC, os muçulmanos levantaram-se para conquistar o norte da África e os países banhados pelo Mediterrâneo.
Assimilando o melhor do conhecimento dos gregos e romanos, o famoso químico Avicena desenvolveu o processo de destilação. Desta época em diante (1.150), pode-se dizer que nasceu a fabricação de óleos essenciais.
A PERFUMARIA NA EUROPA
Enviados para resgatar Jerusalém dos muçulmanos, os cruzados voltaram com um novo grau de cultura, incluindo o prazer do banho e a perfumaria.
Em 1202 Veneza conquistou Constantinopla e, como conseqüência, apoderou-se das rotas no Mar Mediterrâneo para o Oriente. Assim iniciou-se a ascensão e a riqueza de Veneza, com o florescimento da indústria do perfume na Itália proporcionado pela transferência de conhecimento do Oriente para o Ocidente.
A fragrância tornou-se parte integrante da vida das cidades mais prósperas. Loções, bálsamos, sabonetes perfumados, ervas de doces fragrâncias, pós florais e bebidas aromáticas eram consumidos em grandes quantidades pelos ricos.
Mudanças culturais ocorreram através das fronteiras da França, Itália e Espanha. No começo do século XVII, a Arte da Perfumaria expandiu-se no sul da França, onde as condições climáticas favoreceram o cultivo de flores, e as primeiras fábricas de perfumes aparecem.
O PERFUMISTA
No século XII, o cargo de perfumista foi oficialmente reconhecido por Felipe Augusto, da França. Porém, 500 anos transcorreram para a profissão e seus estatutos serem devidamente regulamentados por Luís XIV.
DESDE QUANDO SE DEU O GRANDE DESENVOLVIMENTO DA PERFUMARIA?
CATARINA DE MEDICI transformou Paris na capital do perfume. Quando chegou à França em 1522 para casar-se com Henrique II, trouxe de Florência, seu perfumista particular.
NAPOLEÃO BONAPARTE, todas as manhãs, despejava um pequeno frasco de água de colônia em sua cabeça.. JOSEFINA vivia envolta em uma nuvem de almíscar. Napoleão foi um dos últimos homens famosos de seu tempo a perfumar-se de maneira explícita.
Quando a humanidade passou a banhar-se regularmente (mais ou menor por volta do século passado), os perfumes deixaram de ser necessários para disfarçar o mal cheiro.
A grande perfumaria francesa, baseada em composição elaborada de perfumes e extratos, data do final do século XIX, tendo atingido um grau de desenvolvimento magnífico!
EVOLUÇÃO DAS TÉCNICAS DE PERFUMARIA
Séc. XVIII - Extração do aroma das flores através do contato com gordura animal.
Séc. XIX - Técnica de destilação a vapor e extração através de solventes voláteis.
Séc. XX – Desenvolvimento da tecnologia de flores vivas (Wings)
DESENVOLVIMENTO
De 1880 - 1890 As formulações eram preparadas com uma única flor.
1889 Começam as pesquisas para a preparação de sintéticos “mais naturais”.
1900 - 1920 A virada do século e a eletricidade marcaram o início de uma nova era. Madame Curie descobriu o urano, os primeiros Zepelins atravessavam os céus...
É lançado o Chypre com aromas de patcholi e musgo que deram nome à várias famílias futuras, inspirando muitos clássicos nas décadas subseqüentes.
Como as mulheres desta época, os perfumes emanciparam-se. As mulheres começaram a trabalhar, apesar de estarem em funções subordinadas, começaram a ser aceitas como parte da sociedade.
ANOS ’20 Época do Charleston e das novas notas olfativas para tentar acompanhar a evolução da moda. A década de 20 foi uma das mais criativas na área da perfumaria.
Nasceu Chanel nº 5, o primeiro perfume com materiais sintéticos. Aliás, ao que parece, um assistente do perfumista francês Ernest Beaux teria errado na composição da fórmula da fragrância encomendada pela figurinista Coco Chanel. Em vez de apenas 1% de aldeído undecilênico - produto derivado do carbono - como deveria ter sido feito, a solução recebeu acidentalmente uma dose dez vezes maior. A fragrância resultante foi considerada extraordinária e deu início a um “boom” no uso dos aldeídicos na fabricação de perfumes. Ou seja, apesar do enorme sucesso até os nossos dias, Chanel nº 5, ao que tudo indica, “nasceu errado”. Outro mérito deste perfume foi reforçar a associação entre o uso do perfume e o jogo da sedução. A discussão ganhou fôlego na década de 50, quando a atriz Marilyn Monroe declarou que usava apenas uma gotinha de Chanel nº 5 para dormir.
ANOS ‘30 Notas orientais (misturas com baunilha) são o máximo da época e dá-se o retorno de algumas fragrâncias clássicas.
ANOS ‘40 Depois da Guerra, a esperança em tempos melhores fez com que surgissem as notas verdes, como que para despertar o aroma agradável e a paz dos campos. Lançam-se perfumes para mulheres sensuais.
ANOS ‘50 Época do Rock’n Roll e das fragrâncias mais comportadas.
ANOS ‘60 Em plena era do Woodstoch, as notas florais e aldeídicas são predominantes em quase todas as criações.
ANOS ‘70 A grande descoberta da época foi a categoria dos orientais para as mulheres que gostavam de provocar.
ANOS ‘80 Época do consumismo. Surgiu os florientales. Houve um incremento dos perfumes florais doces.
ANOS ‘90 Características: fragrâncias leves e frescas. Temas mais importantes: água.
Notas Ozonicas: recordam a água, o mar ou o frescor perfumado de um pedaço de melão gelado.
ANOS 2000 Principais características:
- Volta ao romantismo, florais
- Novos Soliflorais
- Novos aldeídicos
- Novos Chypres
- Novos orientais
RESUMO DO DESENVOLVIMENTO
A evolução das fragrâncias se deu ao longo da história e das interpretações humanas na descoberta e escolha dos cheiros. Para entender melhor como tudo se passou, siga a linha do tempo e descubra que perfumar-se é um ato pra lá de interessante!
Pré-história: Queimando madeiras e resinas, os homens das cavernas melhoravam o gosto dos alimentos.
Egito Antigo: Os egípcios honravam seus deuses "esfumaçando" os ambientes e produzindo óleos perfumados para ritos religiosos.
Grécia Antiga: Os gregos trouxeram novas fragrâncias de suas expedições e usavam perfumes que tivessem características medicinais.
Império Islâmico: A partir da invenção do alambique foi possível destilar matérias-primas. Uma contribuição fundamental para a evolução da perfumaria.
Século XII: Os cristãos usavam fragrâncias para higiene pessoal e para prevenir doenças.
Século XVI: A moda são as luvas perfumadas, usadas pelos nobres da corte européia. Há a fusão de duas profissões: a de curtir o couro e a de perfumista.
Idade Média: O perfume é muito usado nos ambientes de banhos públicos.
Século XVII: Época do auge de fragrâncias "animálicas". Perfumes intensos que usavam civete e musk em sua composição.
Renascimento: A moda são perfumes doces, florais ou frutais.
Século XVIII: Os perfumes são reconhecidos por sua sensualidade, através da proliferação de novas fragrâncias e frascos. Os cristãos passam a perfumar as cinzas na Quarta Feira de Cinzas.
Século XIX: O progresso da química permite a reprodução artificial de cheiros encontrados na natureza. Nascem as MATÉRIAS-PRIMAS SINTÉTICAS. A cidade de Grasse, França, se transforma na capital mundial da perfumaria.
Século XX: A perfumaria já é acessível a todos e não mais um privilégio da nobre burguesia. Perfume continua sendo sinônimo de encanto e sedução.
REFERENCIAS FONTE:
Comentários
Postar um comentário